segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Paradoxo



instavelmente bem; o acaso.
Por acaso, caminho por ruas sem nomes, por cima de linhas. Linhas tortas no meu campo de visão.Mas talvez seja porque do lugar onde estou não consigo vê-las com clareza, ou talvez por meus olhos estarem ofuscados por uma luz, uma luz que derrepente pode ser eu mesma. Meus ombros pesam por nada. Ou quase tudo. Minhas pernas andam sem forças por ruas asfaltadas, construídas por homens. Aaah, mas quando ando por terra firme, ai me sinto em casa, sinto forças que não sei dizer. Apenas sinto. Mas momentos como estes duram pouco.
Novamente coloco meus sapatos de chumbo e vou andando,mesmo com tantas dores, com tantos pesos desnecessários que não me evitam a fadiga. Não consigo descarregar-me. Mas junto ao chumbo, carrego comigo coisas boas que me fazem feliz pregadas em mim, carrego também a esperança de que retornarei à estrada de terra, e me deslumbrarei novamente com tanta beleza. Poderei andar descalço, sentindo a maciez de terras tão fertéis em meus dedos, poderei saborear o doce do mel, poderei me libertar de mim mesma ou encontrar a mim mesma.
Mas para minha vida ter graça, quero voltar ao asfalto quando quiser. Quero me perder no tempo se for preciso, quero que o tempo me esqueça, quero criar o meu própio relógio. Um relógio sem ponteiros.
Mas não é um desalento de viver. Só que de supetão me veio um friúme sem fim.
Por isso desabafo. Desabafo à minhas próprias palavras.
Abancado na estrada de terra que fui à algum tempo, reflito.
Olho infinitamente para o céu, vejo estrelas que formam milhares de constelações, e uma lua sorrindo para mim. Uma lua que me mostrava o mesmo brilho e o mesmo mistério que havia avistado um dia em um olhar afavél na rua de asfalto que me acalmara e me fizera bem, muito bem.
Quero poder voltar e encontra-lo com o mesmo olhar, o mesmo sorriso e o mesmo timbre de voz.
Se não ocorrer de lhe enxergar novamente, quero ao menos encontrar a luz nessas ruas escuras. A luz que um dia você me passou. Bohemia era a cor de sua luz. Mas há também os vagalumes que iluminam caminhos escuros em dias claros.
A lua continua sorrindo para mim, um sorriso sem igual apreciado pela alma de quem sente. Sorrio tolamente ao me ver apaixonada. Apaixonada por seu misterioso brilho.
Mas a tempo não há correspondência.
Então encontro o amor próprio, e a luz que tanto procurava estava lá.


E todos os dias na grama do jardim admiro a linda lua e fico feliz por sermos amigos, mas ainda sim sinto uma leve contradição trival.

Porém, muito obrigada Lua.

Júlia Rena

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