sábado, 20 de novembro de 2010

Tudo em Harmonia

A chuva viera me trazer um leve sorriso teu,
onde as árvores dançavam sincronizadamente
ao ouvir o estralo nem agudo nem grave das gotas de chuva quebrando contra o chão.
Sua voz tocava suavemente meus sentidos deixando-me arrepiada.
Em teus braços acolhedores havia uma segurança sem igual,
e em teus labios um gosto único, nem doce feito mel, e nem salgado feito o mar.
A lua como sempre estava linda, plena e divina. Seu mistério envolvia-se ao nosso.
Seu brilho quase se igualava ao brilho dos olhos negros e serenos que me fitavam naquele momento.
O vento soprava harmonia.
Mas os ponteiros não pararam, o relogio não foi obediente.
Até parece que voaram.
O tempo passou rápido, como em um piscar de olhos.
E não podiamos ficar lá até o fim da eternidade.
Mas se pudesse eu estaria (...)

Espero que agora o tempo seja mais paciênte, e que o nosso relógio não tenha ponteiros.

Júlia Rena

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Canção da Liberdade!



Milhares de pessoas se encontram pelas ruas do país,
descalços ou não caminham em diferentes direções.
Correm, andam, engatinham, rastejam, ou se imobilizam contentando-se com o comodismo do cotidiano, satisfazendo-se com a desgastada inércia.

Gritos de vários tons circulam as almas do povo brasileiro.

São pessoas!
Pessoas cantando desafinadamente, descendo montanhas em seus ritímos descontrolados, violinos desafinados, violões sem cordas, flautas sem sopro, percuções sem som, corpos sem almas.

E um grande anúncio estampado no auge da urbanização dizia: "OS HUMANOS JÁ NÃO SÃO HUMANOS. INICIA-SE A GUERRA!"

A multidão que vinha do alto das montanhas crescia cada vez mais. Eram monstros. Monstros que atacavam uns aos outros, que feria seu próprio solo a procura de seu ego. Todos estavam cegos, cegos da ignorância e da falta de compaixão, cegos ao ponto de não sentir.

O que eles não sabiam, era que outra multidão vinha de baixo para cima.

Ao verem uma bandeira erguida no maior dos montes do povo desconhecido, gritos de terror, medo, insegurança, tristeza e desespero alcançaram o mundo.
E eles, como consequencia ficaram surdos dos seus próprios gritos.

A bandeira brilhava à luz do Sol, enfatizando suas cores, o sopro da esperança veio com o vento e fez com que ela dançasse com leveza.
Os humanos que à ergueram, eram aqueles que não se deixaram levar pela insanidade irracional e que lutaram para subir até o topo.

Já os monstros cegos e surdos por seus atos enfrentavam-se desvairdamente, trombando uns com os outros embriagados de sí mesmos, caíam e não conseguiam se levantar, corriam sem direção e tropeçavam em abismos que eles haviam criado. Estavam em uma grande teia que teceram com as próprias mãos.

- O que é isso? - Alguém gritou. - Podem ouvir? -

A gritaria recomeçara.
Mas não conseguiam se comunicar; estavam surdos mas não sabiam.

- Porque ninguém fala comigo? OOOU? você ai? Não estou enxergando, mas sei que tem alguém ai! FALA COMIGO! não escuta? TA OUVINDO ESSA MÚSICA? -

Do outro lado, no topo da montanha, aquela multidão segurando a bandeira cantava alto. E agora sim! Agora sim o violão havia cordas, o violino estava afinado, a flauta tinha sopro, a percussão tinha som e o corpo tinha alma.
O que aqueles surdos estavam dizendo era que no momento em que a harmonia chegou eles foram capazes de sentir. Até mesmo os monstros sentem, só não haviam reconhecido isso.

Mas a melodia não acabava com o passar do tempo, então se renderam. Renderam ao profundo desejo de viver que sempre tiveram.

Em um segundo, todos os corpos pararam de se enfrentar. Os que haviam sobrevivido se curvaram em um movimento de reverencia ao Brasil e assim ficaram até que voluntariamente, se ergueram e cantaram todos juntos, como uma grande nação o Hino Nacional.


"TERRA ADORADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU, BRASIL,
Ó PÁTRIA AMADA!
DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!
"


... O mundo agora escutava a canção de liberdade!


Júlia Rena