segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sensores

Tão fria quanto o gelo que derrete em minha boca e queima. Tão quente como o calor humano que repele a chuva. Tão desastrosa como o toalha que seca meu rosto e cai. Tão gélida que meus dedos nem mais sinto. Tanto fogo que estou em cinzas. Tão pequena que desapareço. Tão imponente que nem mais corro. Tão vulnerável que não atinjo. Tanta pulsação que pulo tremula. Tão inerte que vou voando. Tão presa ao chão que estou no céu. Tanto medo que não abro passagem. Tão consciente e inconsciente. Tão desesperada que só consigo rir. Tão grande que sou o mundo. Tão humana, que me rendo.

Júlia Rena

"O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos os nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia nunca não passar,
O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...?
Harmonizar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Nunca dever ao devir
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos!
A poesia prevalece! - O Teatro Mágico"

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Espinhei o mel

Quebro esse computador com as mãos,
e faço de cada nuvem uma estadia,
de cada gota uma morada,
de cada pássaro um conhecido,
de cada abrigo um ninho,
e de cada rosa, viva ou morta sou uma parasita se espetando em espinhos,
mas de cada flor sou uma abelha deixando um pouco do seu mel, e roubando um pouco do seu polém.

Júlia Rena