quinta-feira, 24 de maio de 2012

Anjo Lunar

Talvez tenha sido naquele grande abraço seu, que eu tenha me despido de uma parte da razão, eu pequena como sou me lancei, e logo me encaixei.
Não é sempre que me encaixo fácil assim. As vezes me lanço e me perco. E por ser apenas uma partícula do mundo, as vezes me estremeço, não me envolvo e nem corro, simplesmente por ser uma imensidão tão maior que eu.
Hoje o mundo não me assusta, me tranquiliza, não tenho medo dos abraços apertados, dos beijos com paixão e nem dessa grande imensidão.
Acho que de tanto observar a lua, entendi o que é sentir calma, aprendi que o mistério pode ser bom quando revelado aos poucos, e que as inconstancias se tornam bonitas quando apreciadas de uma forma natural.
Sinto-me hoje com o coração aquecido e resistente, segura, feliz e em harmonia quando olho pra essa linda lua que as vezes também sorri inteiro. E que quando sorri inteiro, é inevitavel não sorrir também, é quando sinto o meu brilho se assemelhar ao dela.
Mas se a lua um dia parasse de sorrir pra mim, eu ainda teria o sol, que também ilumina e me faz suficiente.
Vou encerrar por aqui essa escrita que me apareceu hoje, meu corpo carece por descanço... "E já que da janela do meu quarto não consgio ver a lua, dormirei com ela em meus pensamentos, tenho certeza que isso me fará ter bons sonhos"

Boa noite lua, meu bem, meu anjo.

Júlia Rena

Meio-dia e meio.

Estava sonolenta mas o sol apontava meio-dia. Dia e meio. O céu azul manchado de nuvens acinzentadas, que se escureciam na medida em que os respingos de chuva rarefeita se densificava. A toalha e a roupa branca no varal se molharam depois de secas.  A radio só tocava Jovem Pan e a TV estava sem sinal, sem nenhum canal. Na geladeira tinha arroz mas não tinha feijão e nem ovo. E os livros empoeirados da prateleira apodreciam porque ninguém os lia, e nem curiosidade havia. O chuveiro queimou, a hora do banho atrasou mas a cama me convidou para estender-me sobre o que me conforta, fechar os olhos e acordar quando o sol raiar, quando a chuva acabar. Arco-íris... Será que teria?

Júlia Rena