sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Palavras


Palavra,
Significados multiplos seguidos de sentimentos posteriores me vem a cabeça por pensar em ti.

As palavras me fogem ao tentar defini-las. Imagino que é como nós, seres humanos, não conseguimos nos auto definir, e as palavras também não. Ou talvez meu vocabulário não seja tão rico ao ponto de dessecar e encontrar todos os significados que eu quero em letras de tantos segredos. 
Mas penssando bem, nem o quero!  Porque definir algo que basta sentir?
O delicioso das palavras é o poder da interpretação.
O poder do ponto de vista.
É saber que até nas palavras nós temos o poder da escolha.
Escolhemos qual usar, escolhemos como interpretar.
E escolhemos a cada esquina, a cada nova rua e novo bar, quais serão as palavras ditas e escutadas, boas ou ruins, que levaremos em nossa vida até que não façam mais sentido, ainda que na memória como uma lembrança fria por não poder ser vivida novamente.
E definir é limitar, e a palavra é algo que realmente não se limita.
A graça disso tudo é que nós a domamos e mesmo assim são elas que nos dominam.
Por isso me encanto!
Me encanto com sua sonoridade, com seu silêncio, com seus sorrisos e com seus olhares. Me encanto com o poder que elas regem sobre nós.
Por tudo isso e mais eu escrevo sobre você hoje, minha querida companheira de todos os dias.

A palavra estará em mim até quando tudo acabar dentro de nós.

Júlia Rena

Só mais um gole de máguas




- Ignorante de sentimentos! Louca!

Ele ousava dizer-me ser ignorante com aquele seu vocabulário chulo e hipócrita. Me julgava insana por meu descaso de viver. Fred sempre tão frio que me dava náuseas.E o que ele saberia dizer sobre mim? Sabe apenas meu nome, a rua onde moro e um fato qualquer contado pela vizinhança. Levei à boca o resto de uísque que havia em uma garrafa envelhecida pelo o tempo guardada em um armário antigo de madeira ao canto esquerdo da grande mesa e uma sensação de poder me atingiu ao sentir o álcool rasgar minha garganta como o fogo em chamas dançantes. Mas não me importava, logo o efeito passaria e minha velha melancolia retornaria, talvez ainda mais forte. Olhei para Fred e vi seus lábios voltarem a se mexer freneticamente, mas não me preocupava em ouvir, estava ocupada de mais pegando mais uma cerveja gelada para esconder meus fracassos. Peguei e sentei novamente no banco de madeira ao lado da mesinha já cheia de latas de cerveja manchadas por meu batom vermelho vinho, com minhas digitais desesperadas para o próximo gole.
Assim seguia... Sempre com os mesmos movimentos voltados para o álcool e sempre com a mesma sede inssasiavel.
E quando pensei que Fred havia desistido de argumentar, escutei novamente sua voz tão irritante ao meus ouvidos!
- Quer parar de beber?
Minha resposta saiu com uma sonoridade estranha e embriagada, que nem eu mesma entendi.
- Sabe de uma coisa? Eu tenho é pena de você! - Disse ele gritando e enfatizando a palavra pena, como se isso fosse me atingir de alguma forma.
 Bufei com impaciência. Já não bastava todos os ressentimentos que eu sentia por mim mesma? Ainda precisava que as pessoas sentissem-as por mim? Não! Obrigada, não preciso de seus pesamos. Sei da escolha que fiz; pensei com raiva. Mas também não me importava se estava triste, com raiva, ou com ódio. Nada mais fazia sentido. A única coisa que me proporcionava sensações boas era o álcool durante esses meses. Era o meu refúgio temporário. Por isso escolhi estar ali naquele lugar até o meu coração decidir parar de pulsar, nao queria me refugiar temporariamente, porque tinha medo de cair no óbvio, tinha medo que a realidade faminta de vida me engolisse tortuosamente. Então escolhi permanecer inerte.
Uma ultima tragada em meu cigarro de palha e uma lágrima escorreu em minha face, as curvas de meu rosto fizeram com que ela escorregasse para meus lábios e ai eu senti o salgado gosto amargo da consequencia.
- Por favor Fred, não perca seu tempo! Vá buscar uma cerveja, que você estará fazendo algo útil. - Disse ríspidamente em tom sarcástico escondendo as lágrimas, tentando manter o timbre de voz menos embriagado.


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Júlia Rena

domingo, 5 de dezembro de 2010

Por favor clareza, abra a porta!

Mas que tolice a minha!
Refém de meus própios pensamentos, presa em minhas própias conclusões que nunca se formam.
Me explodo por falta de paciência!
Sou um passarinho aparentemente forte, mas no momento fraco.
Um passarinho que ama sua liberdade, e por ama-la tanto assim vai perdendo-a aos poucos.

Mas minha cabeça não para de rodar,
são pensamentos e pensamentos importunos que não deveriam me importunar.
Peço mil vezes para esperar!
Esperar minha mente decidir parar de pensar!

Quero ao menos uma vez agir com o coração e esquecer da razão!
Ou se não junte-as! Façam andar juntas!
Opostos dispostos!
Quero o equilibrio que tanto falo! Que tanto preso!

Quero um dia de clareza
Quero tentar entender a mim mesma ao menos um terço do que não compreendo
Quero pelomenos uma vez não pensar no que é certo e no que é errado.

Se isso for muito, quero ao menos que meus sentimentos sejam vividos com mais claresa,
quem sabe assim consigo enxerga-los melhor e fazer com que tudo isso tome o rumo que nós tanto queremos.

Quero poder fazer valer a pena.

Júlia rena