quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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As mãos geladas e o coração aquecido,
avó viúva mesmo que nunca teve nenhum filho,
abandonada tristemente, acusada de insanidade.
Mas loucos são eles.
Aqueles que tem as mãos quentes mas o coração frio, frio, quase gelo.

Uma casa fechada, trancada, vazia, lhe espera para que possa torna-la cheia de vida novamente.
Mas como poderia enche-la de vida, se sua vida estava quase morta.
morta de esperança.
Seria isso uma vida? trancafiada por abandono?
A música tocava fundo para Lurdes, em seus olhos havia um brilho, um brilho que não reconheço. Tristeza ou uma esperança que lhe resta talvez... ou não.

Em minha frente havia alguém que não falava e não andava, mas que podia escutar e sentir a vibração da música melhor que muitos outros seres.
E eu percebi que a música também a tocava profundamente,
lágrimas escorriam em sentimentos.
As expressões nem sempre eram boas,
mas consigo me lembrar bem dos sorrisos depois de uma melodia.

Em um quarto, havia quatro homens, um cumprimento os deixou admirado.
Eles queriam atenção, queriam carinho e compreensão.
Beijaram minhas mãos em troca de um beijo. Então assim, beijei-lhes as mãos e mais uma vez havia ali um sorriso.

Nos corredores idosos andavam as vezes doentes e quase sempre abandonados, gritavam, choravam, riam por desespero.

A tristeza era nítida naquele lugar. Por isso a vontade de estar lá. a vontade de dar algumas horas, alguns minutos ou até mesmo segundos de atenção e carinho para assim sentirmos junto a eles, que nem tudo está perdido, que há esperança, e que há felicidade.



Júlia Rena

2 comentários:

  1. Esse texto critica, de forma sutil e inteligente, temas que muitas vezes passa desapercebido pelos cidadãos cotidianos. A autora mostra levesa nas palavras e sabedoria na colocação de seus pontos de vista. Estamos diante do nascimento de uma grande escritora.
    Paranéns!

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  2. sentimento humano da melhor qualidade.
    o mundo precisa!

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